Domingos ao Sol

Esta musica é tão, mas tão bonita! O poema é mesmo inpirador e é dedicado a ti. Assim com as legendas, porque dizes que não tomas atenção às letras. Eu dedico. Porque é contigo que sei que quero "chegar contigo onde só chega quem não tem medo de naufragar". E já chegamos tão longe... E já tve tanto medo, de tudo, de mim, de todos. Contigo não, não tenho medo, daz-me paz, quietude, segurança. Sou feliz, posso dize-lo sem receio. As pessoas não costumam assumi-lo, como se isso atraísse algo ruim. Não atrai. só atrai se nos deixarmos enrolar nos pensamentos pequenos daqueles aos quais a felicidade alheia incomoda. Gosto de onde estou e como sou. Demoei muito a chegar aqui. Mas a vida encarregou-se de me compensar. E acredito que para todas as coisas más que nos acontecem o universo alinha-se para nos confortar. Há quem lhe chame a teoria da compensação. Eu chamo-lhe estar atento, atento ao bom, ao que nos faz bem. E tu fazes-me bem. e enquanto me quiseres aqui eu vou estar...

Parece não fazer sentido mas é assim. É como quando mergulhamos e necessitamos de vir à superficie respirar. Não é ciclico, não tem uma tem uma periodicidade. Preciso e pronto! É como uma reflexão, uma tomada de consciência. E às vezes não gosto de estar com pessoas, nenhumas pessoas. Aplica-se o lugar comum "não és tu, sou eu". Neste caso não é ninguém, sou eu. Sei que me vale o epíteto de "antipática, petulante, nariz empinado". Não é nada disso. Não me apetece conversar e pronto! Depois de anos de treino,  a coisa corre mais ou menos bem. Mas não faço fretes. Interajo os minimos necessários e quando vale mesmo a pena.

Sempre fui uma grande parola. Hoje de manhã a ir de carro para o trabalho dei comigo com estes pensamentos e a chegar a esta brilhante conclusão. Enumeremos o grau de parolice: - Gosto de ouvir rádios locais. Sempre que vamos de viagem pelo país, gosto de fazer zapping pelo que se ouve por lá. Há que mergulhar verdadeiramente na cultura local e essa é uma boa forma de começar logo a interiorizar o clima; - Dou comigo a cantar a plenos pulmões enquanto aumento o volume:       - Roupa Nova;       - Marco Paulo (e não é por o Cláudio Ramos dizer com grande orgulho que vai aos concertos, mas o Cláudio Ramos também é um grande parolo!);       - Marante (cresci com o grupo Diapasão a atuar nas festas da terra, muito antes de andarem pelos programas dos domingos à tarde a vender chamadas telefónicas; - Comer petiscos locais no local; - Começar a falar alentejano mal passo a ponte sobre o Tejo, ou algarvio, ou outro dialeto desde que seja ...

Não, não era eu aqui na frente, aliás acho que foi isso que me atrasou e não me deixou fazer melhor tempo... Dei-lhes a todos um grande avanço...  Estou a brincar! Não consegui porque não me preparei melhor, porque é preciso fazer um, dois, três treinos longos (15, 17 km) antes. Não estava preparada para a distancia, não estava preparada para o percurso, não estava preparada para as paragens dos abastecimentos, não estava preparada para passar à frente da meta e ainda ter mais 7 ou 8 km pela frente, em resumo, não estava preparada! Mas esta não foi a única, não foi a última, foi o primeiro treino da próxima que irei fazer!

Se pensarmos bem é um pouco simbolico. Meia maratona, metade do percurso, quarenta anos... E tal como para os quarenta, também não estou preparada para a corrida!!

Isto de se fazer quarenta anos tem muito que se lhe diga. Compreendo melhor agora quando os meus avós chamavam "os moços da minha idade" e cumprimentavam os amigos com um "Estás bom rapaz?". Fui a um jantar de reencontro com os colegas da Faculdade. alguns não via há pelo menos 15 anos! Estavam iguais, ou eu gosto de pensar que se os outros estão iguais eu também estarei... E também achei todos mais interessantes, é verdade. Acho que aos quarenta ainda continuamos a ter alguma inocência mas já lhe juntamos a experiencia. Já vimos onde algunas caminhos vão dar, abandonamos outros. Algumas pessoas sairam da nossa vida, não por não as queremos já, mas porque elas fazem sentido lá, naquele lugar, onde algures mudamos de linha, cruzamos a estrada. E é bom encontrar de vez em quando, mas nunca as tirar do ambiente próprio. Não faz sentido. Aquilo que és hoje é diferente daquilo que foste ontem, porque já viveste, já acrescentaste conhecimento, pessoas, experiencias, go...